O esgoto
correndo negro, nas ruas de Maputo
A milícia
saiu para o seu retiro de campo e se armou pela democracia.
Eu era jovem
quando aí,
Jovem como
aquelas mudinhas que o governo planta nas calçadas e nunca crescem,
Porque falta
terra.
Era bonito
também.
Criava um
mito, eu? A cada dia.
E tinha
capulanas e era sem guerra,
Pura cor e
frutas (o que é que a baiana tem? –
como eu
adorava a Carmen Miranda aos 6 anos!).
Mas era mais
vivo que o vivo e também escorria,
Em poesia
luminosa, como uma barra de urânio,
Líquido,
Soviético,
Da pélvis a
cabeça
Ligada ao teto pontudo
Das cabanas.
Em seu
avesso só escravidão, cabeças baixas
(não me aproveitava
também delas?),
Que queria
libertar, iluminar
(A alma de
um Che caricato despertando dos rios do Congo).
Quando
volto, minha?
Quando
voltas a ser minha (agora que sei que nada se tem)?
Quando terei
de novo o prazer de correr em seus rios,
Ser água
desviando dos crocodilos
Que querem comê-la?