domingo, 17 de junho de 2012

Nota de suicídio


O pior do doído é quando ele é vago
Dor de dor.
Cobrindo todos os monstros
Coloco um lençol
Que sustento, amo,
Como a roupa lavada pela mãe.
Vergonha de fechar os olhos
Antes de dormir,
Perdão por tudo que fiz
Morte em vida
Adeus.

Campo de Visão

Banco o banco da praça
Lugar do sim ao fim de tarde.

Do lado esquerdo
A silhueta de um homem
Que não existe, nunca chega,
Mas vindo, vindo...

Do outro
Num canteiro cimentado
Flores moídas, doídas,
Arame farpado.

E no centro
O chafariz convulsiona
Molhando pingo a pingo
O céu cor de chumbo.

sábado, 9 de junho de 2012

Retração

O calor do meio da tarde pulsando
Um sorriso solto e pesado no rosto
Sento na calçada já que não há banco
Enquanto vejo se retraírem lentamente 
Os dentes que cercam meus olhos.