As cidades são serpentes de luz
Se engolfando em meio ao mar
De escuridão que é o mundo.
Suas ruas, em falsas retas
São a matéria de sua ilusão.
Quadras, superquadras,
Esquadrinhadas com esmero
Para esconder tudo que pulula
Sob o concreto.
Tudo de vasto e víscera,
Cujo sentido é varrido para baixo da pele.
Chove, chove a noite
E o espaço se esvazia,
Espinha de peixe após a refeição.
Rastros e rumores se arrastam
Pela via pública:
O povo que sobra, o povo que é.
Entre o banco e a rodoviária
Um Gol estacionado com um isopor
É um bar fora de lugar (?!)
A cidadade senta em um banco de plástico
Toma a saidera
E adormece.