A genialidade nunca deve ser esquecida
Ainda mais em tempos em que
Falsos potros românticos
Tomam o lugar de quem sente a verdade
Me sinto fraco
Perante méritos que não entendo
Frente a uma vida-roleta
Porém, parece-me que a beleza
Reside no que não lutamos
Nem merecemos
Como achar algo real em um sebo
Ou entender o que vemos
Com olhos voltados para dentro,
A surpresa do bronzeado ao entardecer
E do livro que ela carrega na mão
No fim a única diversão
É o jogo de linguagem
A busca de sentido no que nunca terá
E as belas metáforas mortais que daí surgem
A loteria da babilônia me diz muito mais
Do que um suado carro novo
Do que o sujo cheiro de couro sintético
Que custa metade de uma vida
E aniquila a patafísica da sorte