sábado, 19 de dezembro de 2009

Três vivas ao nosso grande empreendimento humano - À um mundo mais fofo e (areia) movediço

deve-se deixar tudo que é belo
antes que seja pensável
que esse algo se envileça

a efemeridade da beleza
como transporte na vida.
compulsório a quem tem pernas,
reais.

A felicidade estável, duradoura
E principalmente a ilusão dela
São os primeiros, talvez até derradeiros
sinais da acomodação.

O eterno retorno vivido na repetição vista como igual. Agradavelmente igual, brisa de verão na casa de praia. Aconchego no coração, amor de mãe e toda sexta feira a epifânica novidade de um cheiro novo saindo da cozinha.

Toca piano mecânico, que em ti descobriremos máquina!
Cartão perfurado: matriz do funcionamento.
Moinho numérico, triturador do invisível,
Quando te desdobrarão feito tapete vermelho?
Sim, quando?! E junto estarão os decepados membros
Que sacrificaram o sangue que te tinge?
Assim, “noite dos mortos vivos”, saindo da terra!
Promessa sangácida de decisões melhor tomadas, progresso e bauxita.

Levanta-te agora dessa poltrona gigante! Sim dessas mesmas onde o pé não encosta no chão.
Não sentes o couro dela nas tuas costas? Não vê que cheio de suor conquistado tu a ela te gruda?

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Eu queria ser uma nota de dólar
Ou uma cifrabit que representa essa nota.
Ou milhares delas, sim Milhares!!!

Ser uma forte torrente límpida da China a Londres
E depois a Tókio no mesmo dia.
Para ao entardecer (qual deles?)
Dormir tranqüilo na floresta verde
Dos confortáveis Chips/Cofres
De Manhattan.

Não me pediriam visto nem passaporte.
Nem perguntariam mais
Quem são meus pais.
Eu faria as pessoas felizes por poucos instantes
E quando fosse embora
Veria com um sorriso de diretor
O sorriso delas se esvair.

Seria cidadão do mundo,
Nunca vagabundo nem imundo.
Quase um anjo,
Podendo quase tudo fazer
Mas nunca escolher.

Teria uma linda aureola dourada
E fotos dos mais fortes líderes do planeta.
Ninguém me diria sem classe,
Muito menos pobre.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Ser bem entendido é sempre um risco. Mais fácil rodear, encher de metáforas, omissões, no-senses. O risco de dizer exatamente o que se quer dizer, ser totalmente entendido e o Outro simplismente responder, isso é tosco, simples demais, aí não tem nada de novo.
Não, prefiro as metáforas elaboradas, falar das profundezas(?) da minha alma(?) que ninguém conhece, nem eu, então ninguém pode criticar, a não ser eu, que posso fingir conhece-la.
E continuo com medo de pegar o toro à unha.

terça-feira, 2 de junho de 2009

poema semi-hippie do ano da ultima copa

Obscenidades de metal, concreto e cor
Formando um novo céu de pastilhas de cerâmica.
Pirâmide humana de galhos quebradiços
E de um tronco lógico e dispensável

Um polvo infinito de fios e
Um mar denso de ondas magnéticas
São os fracos e lúgubres canais
Que ligam esses cabecorações

O esperançoso malabarista palhaço
Tenta percorrer essa distância inconsistente
Por uma corda bamba eletrificada

Ventos fortes de medo, ódio e saudável inveja
Sopram das janelas por onde o ar e o sol um dia entraram
E o paladino do alvorecer
Cai à luz de um crepúsculo cinza

Logo uma gelatina transparente arco-íris
Se espalha pelo cruzamentos
Mas se dissolve a tempo
De nenhum perito examiná-la

domingo, 26 de abril de 2009

E para sempre espero
Que o céu chegue mais perto
Trazendo a solução que quero,
Estrelas lúcidas como em um deserto.

E que então as árvores
Se entrelacem com os prédios
Juntando o sagrado e o néscio.
E a pressavenida será invadida pelos mares.

E como costura esse tear
Se o messias caiu em desuso?
Se para a solução chegar
De imaginação impossível abuso?

Talvez seja tudo um sonho vazio
E só me restem mulher deselegantes
Para esquecer que não haverá rio
Em um vale outrora pulsante.



(ou)

Talvez seja tudo um sonho vazio
Não exista cobertor do tamanho do meu frio.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Esperando que minha cabeça encontre sua essência flutuante
Assim o desejo será claro e nada de antemão lhe será negado.
Animas minha, onde o movimento é aceito e acompanhado,
E que as palavras gritem antes de pensarmos em não falá-las.

quinta-feira, 26 de março de 2009

as coisas aqui em casa funcionam mais ou menos assim. Quase todas as notícias diárias do mundo que chegam a mim vêm pela Zero Hora. Não por ser um jornal particularmente bom, pelo simples motivo que todas as manhãs ela está sobre minha mesa.
Começo lendo pelos Esportes.. Mundo. Segundo Caderno.Brasil. Economia. País. Polícia etc...
Eu leio ela somente quando vo caga, fezes, número 2. Então a quantidade de informações que eu recebo do mundo está diretamente ligada ao funcionamento do meu intestino. Talvez se eu não estivesse com prisão de ventre na semana que o Obama foi eleito minha visão sobre ele seria de mais um paladino-charlatão. Também não saberia do último assasinato em Alvorada. enfim, pra quem ainda acredita em objetivismo.(não) ta aí.
Eu quero tudo outro
Eu quero eu-outro
Eu quero ter a mentalidade de uma meninha de 15 anos
Que ainda acha corretamente
Que a vida (ávida) é uma brincadeira
E vê que escolher entre veredas teoricamente decisivas
É igual a trocar o caminho em um passeio de bicicleta matinal

Ah! ainda é bom poder olhar o céu
E ver o quão pequenas são nossa escolhas

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

A genialidade nunca deve ser esquecida
Ainda mais em tempos em que
Falsos potros românticos
Tomam o lugar de quem sente a verdade

Me sinto fraco
Perante méritos que não entendo
Frente a uma vida-roleta

Porém, parece-me que a beleza
Reside no que não lutamos
Nem merecemos

Como achar algo real em um sebo
Ou entender o que vemos
Com olhos voltados para dentro,
A surpresa do bronzeado ao entardecer
E do livro que ela carrega na mão

No fim a única diversão
É o jogo de linguagem
A busca de sentido no que nunca terá
E as belas metáforas mortais que daí surgem

A loteria da babilônia me diz muito mais
Do que um suado carro novo
Do que o sujo cheiro de couro sintético
Que custa metade de uma vida
E aniquila a patafísica da sorte