quinta-feira, 28 de abril de 2011
Finito, o ainda não maldito
Finito cansou de levantar bandeiras. Lênin para ele tinha se transformado de Deus em uma Madonna de barbicha. E se cansava de ouvir gente reclamando do consumo e da poluição e do fim do verde e das relações liquidificador, como se a humanidade não tivesse o que merece, ou como se o mundo fosse feito de algodão. Acordou aquela manhã somente para sentir o sofá massagear suas costas, como faziam a mãe ou a última amada, há muito tempo idas as duas. Tinha decidido viver como se a vida fosse um cigarro e as pernas fossem feitas para se apoiarem nas paredes. Aceitava o desinteresse e o tédio, sentia saudades deles quando se excitava. Um dia foi passar o fim de semana em Brasília, para o casamento de seu tio-avô. Na volta os amigos perguntavam: “ como é lá, e a asa norte e o Renato Russo e os prédios do Niemeyer.” Ele respondeu: “É bom, lá comi um cachorro quente delicioso, eles põe purê dentro, é como concreto, feito para as partes não caírem, mas tem gosto de batata.” E mais nada. Dedicado ao silêncio convicto, esse é Finito, um excluído com preguiça de tornar-se um maldito.
quarta-feira, 20 de abril de 2011
Sister Ray
Hipnose repetição mescla e grito.
As duas se misturam, suas pernas, seu sexo.
Tenho medo, medo.
Elas vão morder
Me arranhar forte, sangue
Me fazer alto, forte, doído.
Se tudo se derrete de que vale pensar?
É irreal como as baratas na sala da madame
Ou uma rachadura de um prédio com inço no centro.
O gingo da vassoura
Morfina que renasce dos ossos,
Da última cirurgia forçada.
O olho do ritmo,
Do touro. As chaves de molho
As portas abertas, a culpa no quarto dos fundos.
A moça com nome de vírus
Visitou-me a noite
Estourou dois balões com a boca.
A ética do tesão,
Do controle esquecido
É mais real, é mais falsa.
Acho que não estou pronto para o couro.
As duas se misturam, suas pernas, seu sexo.
Tenho medo, medo.
Elas vão morder
Me arranhar forte, sangue
Me fazer alto, forte, doído.
Se tudo se derrete de que vale pensar?
É irreal como as baratas na sala da madame
Ou uma rachadura de um prédio com inço no centro.
O gingo da vassoura
Morfina que renasce dos ossos,
Da última cirurgia forçada.
O olho do ritmo,
Do touro. As chaves de molho
As portas abertas, a culpa no quarto dos fundos.
A moça com nome de vírus
Visitou-me a noite
Estourou dois balões com a boca.
A ética do tesão,
Do controle esquecido
É mais real, é mais falsa.
Acho que não estou pronto para o couro.
terça-feira, 5 de abril de 2011
Sombra, rainha da direção
Assassina do movimento.
Sendo sua homogeneidade
Uma invenção humana
Ou o humano invenção dessa.
A civilização, só mais um
Grande empreendimento do Conforto,
Com seu infinito potencial
De construir e sentar.
Nós, aves planando cheias de
Ditos bonitos e repetitivos
Que as vezes entendemos
Quando chove antes de deitar.
Você, intocada e intocável
Sentada em um café bem iluminado.
Usa tua voz moça, soa o meu dia!
És o perigo e o sentido do vagar
E mereces meu córrego tranqüilo.
Assassina do movimento.
Sendo sua homogeneidade
Uma invenção humana
Ou o humano invenção dessa.
A civilização, só mais um
Grande empreendimento do Conforto,
Com seu infinito potencial
De construir e sentar.
Nós, aves planando cheias de
Ditos bonitos e repetitivos
Que as vezes entendemos
Quando chove antes de deitar.
Você, intocada e intocável
Sentada em um café bem iluminado.
Usa tua voz moça, soa o meu dia!
És o perigo e o sentido do vagar
E mereces meu córrego tranqüilo.
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