sexta-feira, 22 de julho de 2011

Despir

No quarto emadeirado
Com detalhes de veludo
Acendeu o incenso indiano.
Ligou a vitrola e colocou
Um disco de jazz sensual.
Limpou a cama dos livros
Para dar-lhe o devido uso.

Deslizou a mão sobre sua pele
No mesmo sentido dos pêlos,
Chegou perto da braguilha.
Abriu com suavidade o botão,
Vibrando viril, voluptuoso.

Viu com prazer o friccionar
Das calças Lee nas suas pernas.
Soltou as presilhas da blusa
Uma à uma, lentamente
Atento a cada sensação sua
Suspirando sereno em cada toque.

E deitou-se desejante
Após espalhar cuidadosamente
As roupas no chão do quarto.
Queria acordar na manhã seguinte
Pensando que havia feito amor.

terça-feira, 12 de julho de 2011

De novo veia


De novo veia!
Pulso que repulsa noivamente.
Escorre, escorrega pelo quarto
Feito limonada de sonhos.

Fazem-se surdos os gestos que amassam
Catalisam uma revolta simples de
Quem já tocou o bicho de pé no chão.

Pego meus panos e amarro planos
Antes deixados jogados feito trapos.
Busco com corda de mágico
O balde ótimo que atirava
Para o fundo do buraco de barro:
Ainda há terra húmida, umana
Emanando do meu bucho.
Ainda A fome, mas sabe, existe fome que brilha!

A boca suga como aspirador de porta
Traz a janela de volta a soleira da mente
Torcendo a casa inteira, espiral de madeira.
Olho para dentro dele e vejo algum mim
Que quero.

Me atiro armado de máquina
Fotográfica com ponta de baioneta.
Vou gravar a imagem do novo no peito
Sangrando de quem toco e vejo.
Vou matar o medo, chupar sua imagem
E cuspir na minha própria cara de qualquer um.
Enfim ir. Ah... Finalmente rir!...

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Trocas de frente

A sua face estampadava toda:
Anúncio de jornal complexo
Reforma rasante no falso.
Dizia as palavras inditas
Brilhava as benditas
Gemia as profanas:
Em olhos gema
Trocando cor.
Eu tétentava
Rosto, mas
Frente a
Essa
Era

.

(Enquanto, inapto, me sorria todo por dentro)