segunda-feira, 29 de setembro de 2008

por uma nova utopia

Estou no meio do caminho.
Vejam bem, meio do caminho
Não o caminho do meio,
A síntese perfeita.
Não, no meio do caminho!

Sim, sei que estamos sempre
No meio do caminho.
Mas especialmente agora estou
Mais no meio do caminho
Do que nunca estive.

Pérola cinza quase fosca,
Sombra fraca do que já fui.
Primeiros milésimos do big-bang
Do vir-a-ser, de um futuro
Com menos adjetivos, se possível.

As grades nos prédios
Tornam-se grades internas
E não vemos que todos estamos
No meio do caminho.
Tudo está no meio do caminho
Neste instante especialmente.

O muro que caiu lá longe, lá fora
Parece que agora cai por dentro.
E vemos que os dois lados não iam a lugar nenhum.
Repentinamente sabemos
Que conceitos mal definidos de nada servem
Senão para justificar atrocidades.
Notamos agora que elas são nossos pais.

Mas algo se ensaia, quase mudo
Pintado nos novos muros,
Fazendo furos que não se sabe
Muito bem como aparecem.

A esperança não morreu,
Agora é melancólica,
Mas logo será um pouco eufórica.

E desorganizados e perdidos,
Cantaremos sozinhos hinos!
E de repente num instante
Todos colidiremos
No cume de um monte
Macio ele, nós.... macios.

domingo, 21 de setembro de 2008

plágio da memória (ou memórias de um plágio)

passamos tempo demais com a nossa cabeça em outro lugar...
sempre preocupados, pós ocupados...
aí a vida passa e não vemos nada..
estar relaxado e atento, como um animal que passa o dia esperando a presa é a nossa oportunidade de nos libertarmos dos amortecedores que rodeiam o nosso corpo...
e a presa se a fortuna e a virtude contribuírem será de um sabor inexistente nesse mundo, só tocável com pincel ou com pedaços de unhas cortadas há muito tempo esquecidas debaixo do sofá, ou entre nossos dentes...
Escute os pássaros!!! eles estão gritando... aqui e agora!!!!! AQUI E AGORA!!!!
mas é evidente que a saudade é inevitável....

Um Pássaro se libertou da gaiola e Um urubu foi preso na cela

Móvel de mogno escuro
Por isso em seu fora
Não marcou o sangue
Da briga de infante.

Ciúmes doentio,
Sentimento de vazio
Relação moderna
Sem rima interna.

Chão quebrado
Foi como luz negra
Tesoura abre-fecha
Buraco no rim.

Os gritos de prazer
Se tornaram de dor.
Queriam ser um só
E um só sobrou.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

patinetes, férias, outono

depois de calar o coliseu me pergunto... Onde foi parar minha pureza? E a minha liberdade? Consigo ainda me deslumbrar com um carinho, ou mesmo senti-lo como sentia? Uma parede azul de jogo e mistério me protege. Vê-se que o medo ressurge sempre, agora transvestido de amor.
E as vitórias de que valem, me trouxeram paz? Uma vida externa bem-sucedida vale a pureza dos meus sentimentos? Desistência, decência, condescendência, descendência.... Nunca sei bem o que escolher e no momento que escolho essa escolha se torna automaticamente errada.
Estar preso às próprias seguranças é pior que ser preso pelas garras do mundo. Racionalizar a emoção é como congelar um rio cheio de peixes. Calcular os atos constantemente é pior que nunca calcula-los.
Eu sou a neurose. Eu sou vocês humanidades, subjetividades. Eu sou a falta abundante em faltas. Sou aquela rua escura a noite que ninguém visita, e que durante o dia todos olham, mas não vêem. Será que a rua se vê? E meus olhos o quanto se viram pra fora e o quanto para dentro?
A coerência interna é a única. A visão de mundo que define a vida e não o contrário.Porém ainda preciso gritar:
-Em frente, bandeira erguida, sem saber de que! Nu e contra o vento até amansa-lo! Santo das causas perdidas de mim mesmo, sonhando ser isso para todos.
-Mas onde pensas que vais assim cavalheiro? Com brados infantis e sonhos sem esperança? Crendo-se capaz de derrubar o mundo com um simples meneio de cabeça ou abrir de braços?
-Vou e vou e ponto(.) Criança sem lógica e de rosto polimorfo como as que fazem dos grãos de areias castelos e de bonecos de plástico guerreiros. Meus braços apertarão forte a vida, antes que o receio a empurre. Os pés do pensamento nunca se deixarão prender a chão que não seja passagem. Por que? Para um dia poder falar menos de fora para dentro do que vice-versa. Para que tudo me marque até não saber mais de que carne sou feito, ou o dia em que tornei-me pó. E para que algum arqueólogo um dia venha a encontrar meus ossos no fundo de um mar.