segunda-feira, 29 de setembro de 2008

por uma nova utopia

Estou no meio do caminho.
Vejam bem, meio do caminho
Não o caminho do meio,
A síntese perfeita.
Não, no meio do caminho!

Sim, sei que estamos sempre
No meio do caminho.
Mas especialmente agora estou
Mais no meio do caminho
Do que nunca estive.

Pérola cinza quase fosca,
Sombra fraca do que já fui.
Primeiros milésimos do big-bang
Do vir-a-ser, de um futuro
Com menos adjetivos, se possível.

As grades nos prédios
Tornam-se grades internas
E não vemos que todos estamos
No meio do caminho.
Tudo está no meio do caminho
Neste instante especialmente.

O muro que caiu lá longe, lá fora
Parece que agora cai por dentro.
E vemos que os dois lados não iam a lugar nenhum.
Repentinamente sabemos
Que conceitos mal definidos de nada servem
Senão para justificar atrocidades.
Notamos agora que elas são nossos pais.

Mas algo se ensaia, quase mudo
Pintado nos novos muros,
Fazendo furos que não se sabe
Muito bem como aparecem.

A esperança não morreu,
Agora é melancólica,
Mas logo será um pouco eufórica.

E desorganizados e perdidos,
Cantaremos sozinhos hinos!
E de repente num instante
Todos colidiremos
No cume de um monte
Macio ele, nós.... macios.

Nenhum comentário: