sábado, 10 de agosto de 2013

O que me sobra de vagância?

O que me sobra de vagância?
Ainda vejo poesia? (onde como? e por quê?)

Estou atrás da mesa, os papéis, as telas.
Mensageiros, braços meus, se alastram e voltam às tabelas,
Como gente comprimida em um barraco.
Mas, sinto que é meu reino.

Às vezes logo depois da chuva,
Quando por medo a rua ainda é vazia,
Saio pelos becos cheios de barro.
Sonho sangue e sinto-o subir pelas pernas.

Telefone.
Encontro um amigo num bar:
Conto uma vida, escuto outra.
E volto a casa,

Já é tarde.