segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Não Me Esqueci Daquela Rua de Terra Vermelha


Não me esqueci
Daquela rua de terra vermelha,
Das portas abertas nas casas
Amarelas, de pintura descascada.
Das crianças que saíam a rua
Com suas bandejas vendendo
Asas de frangos magros.

Não me esqueci do batuque
E o ruído da harpa estranha
Soando pelo de cabra e linhas de pesca
Que fugia por alguma fresta
Moradia vazia que não pude encontrar.

Não me esqueci dos pelos da muzúbia
Molhados feito na grama orvalho,
 De fluidos e de suor.
Nem do ruído dos mosquetes
Ingleses, enferrujados, ainda tentando atirar.

E mesmo despertando toda manhã
Sob o peso de cartas e contracheques;
Com as narinas cheirando o sal do charque
Produzido para cobrir nenhuma distância,
Ainda sonho sedento, com o sangue que pingava,
Mágico corte feito pelo africano na branca jugular,
Rendendo dias de festa:
Cachaça, farinha e peixe fresco.

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