domingo, 1 de julho de 2012

Anti Ode a Walt Whitman III


Estabelecer o caos, pintar vidros,
Serrar braços e braços de estátuas.
Liderar hordas de mendigos com bandeiras pontiagudas
Ajudar em enterros, cascudos em crianças sem culpa.

Furar na rua os canos de dinheiro que ligam
Os caixas eletrônicos aos bancos.
Chamar os leprosos para lá deixar os dedos.
E depois ver a multidão frente a membros e valores.

Criar um país, um sistema de voto diferencial
Uma distribuição de renda determinada pela forma da fenda nasal

Fazer um inventário das pintas do próprio corpo
A partir delas pintar o quarto do inimigo.
Contar histórias mentirosas que se contradigam.

Rir da dor doendo do riso sem sentido.
Sentir a maciez da carne do passarinho
Pintar de vermelho o corpo da fêmea pura
Penetrar bebendo o colostro na que recém-pariu.

O físico pode assim definhar satisfeito?
Virão os devaneios de nuvem e éter.
Após o sono sem sonhos?

Sei que o caminho é musgo vivo
Que a água movida às vezes é morna.
Sei que tenho pés e braços e nado
Rápido, antes que a maré baixe.

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