terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Do coração da África

Mesmo antes de chegar a tua costa
Já amo a terra descascada
De árvores cortadas, comida cozida,
Onde pisa a dança despreocupada
De infinitas infinitas famílias.

Cultivando machamba* de dois tomates,
No máximo um negócio por dia.
Crianças ficam na casa do vizinho,
Porque todas a todos pertencem
E cada mãe é também ama de leite.

Uma vila tem galinha do mato
Que exibe aprumado o pescoço azul.
Outra cria cabras que parecem cavalo.
Outra acumula latas enferrujadas
Laranja vivo que mastigam
Os porcos sob a luz do pôr-do-sol.

Crianças que se enfileram nuas
A beira do lago somente para
Apertar a mão do estrangeiro.
Crianças que ainda não sabem pedir,
Mas já sabema língua dos negócios.

Mil receitas para fazer cachaço
Mil pais caindo bêbados chatos.
Exército de bebês correndo sobre
Plantações de magros vegetais.
São as palhotas mesmo iguais?

Lugar que somente se adivinha
Pela inversão de estereótipos,
Sempre inconsciente se entendido.
Vida de começo em media res
De pais que são filhos e vice-versa.

*pequena plantação

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