terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Gritode um jovem africano!

I
Arranjei uma manga suculenta e grande.
Deve ser suficiente para a tarde
Já que o barco ficou preso,
E o turista não deu dinheiro.

Logo é natal, dia de comer arroz,
Falar com a boca cheia e projetar a barriga.
Me ensinaram que nessa data
Nasceu um branco cabeludo e alto
Que não cuspia fogo nem dormia de dia.
Falava de pombas e de um grande senhor,
Abria bocas e perdoava travessuras.

II

Me dê algo elétrico
Nem que seja chicote
Pra marcar de neon
Minhas costas amargas.

Pinte o céu de vermelho
Desde que chova das verdes!
Dê-me um grão, faço refeição,
Ou repetido refrão que faço lema.

Se for famoso estampa meu peito,
No significado se dá um jeito
É só o tecido proteger do vento.
Todo o homem é igual em direito
Então quero ser igual ao mundo inteiro!

Ouvi de cidades distantes
Onde se entralaçam brilhantes
Luminosos em cruzamentos
Comandados por luminosos.

Vou pedir ao secretário
Para lá botar meu barraco.
Eu qero ver se pesco rato
Na lua de São João,
Como o meu avô me ensinou.

Um comentário:

Unknown disse...

"...Cordas ligam tudo,
Fecham sacos, amarram motores,
Afinam tambores, prendem os loucos".

Querido Denis

Gostei muito deste trecho. Me lembrou uma das cidades do relato do Marco Polo no Calvino: as amarras, as teias que se entrelaçavam e criavam a estrutura da cidade. Qual era mesmo o nome daquela cidade?

Muito sensível tua poesia..tuas palavras
Voltastes repleto de "humanidade", se é essa a palavra que nos fala de um imenso sentimento de pertinência à comunidade dos homens. Isso é ótimo!! Teus poros estão abertos para dar continuidade a esta experiência. Vai em frente.

Bjs
Nirce