quarta-feira, 21 de março de 2012

Pouco?

Será que não seria melhor
Ser somente um pensador
Sentar jogando palavras para o alto
Para gatos ou peixes morderem
Enquanto o mundo me arde no canto da boca?

Será que não seria mais agradável
Abdicar dessa pilha de quedas
De falhas que se apresentam infalíveis
Em toques que a tudo quebram,
Barro que depois de lindo e seco racha?

Talvez suficiente seria jogar um currículo
Conseguir um emprego em qualquer porta
Que garantisse o uísque e o tempo da noite
O livro e o espaço da cabeça.

Uma vida silenciosamente genial, clandestinamente bonita
Casos pequenos como um beijo
Grandes como uma cama.
Passos arrastados e dançantes
Sapato mal-lustrado em meio aos arranha-céus.

Uma vida
Despretensiosa ao extremo de desistir de ser o que sonha
De se bastar com tudo que não existe, sem culpa
Confundindo a existência sonolenta
Com o sono do sempre.

Nenhum comentário: