quinta-feira, 29 de março de 2012

Consumido e Consumado (Banho)

Sentado
Deixo a água esquentada
Passar pelo meus ombros
Enquanto imagens escorrem
Por minha medula.
O gosto da maconha na boca.
O desejo de ópio e de Oriente
Me invade pela orelha
Em alguma música.

Carros varrem as ruas vermelhas
Do meu desejo,
Desbotando no lugar vivo o que não via.
Vias inteiras abertas fluem.
Força a porta um homem,
Não consegue entrar.
A jovem sim entra
Cheia de pernas
Enlaçando a carne lacinante
Antes de transformar-se em nada.
Tocando minha pele tambor
Suando o vapor que já existia
Em um gosto novo, sincero e salgado.

Antes entrava na nova vida
Agora afundo nela.
Carro mil cavalos rumando ao fundo
Engolido na areia negra.
Vento imbatível derruba tudo pela frente
Até empacar em uma cordilheira de árvores
Caídas.

Escalo, passo a pé, o ferro-velho
Depósito de máquinas enterradas na terra.
Quão engenhosos seus propósitos
Se alaranjado na chuva.
Talvez eu pise em um botão que me ejete,
Para outro mundo ainda.

Onde entre lagos e pastos
Ressurjo, Géiser, limpo, novo
Pronto para grande bravata
De mais uma noite na cama.

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