sexta-feira, 31 de outubro de 2008

luta-CAMinho

Começa mais um estágio da luta
Luta diária contra o sono
O sono que abate, que assusta
O sono que mata, mata a vontade de vida.

E ele é forte e vem de mansinho
Não tem horário nem respeito.
Vidro fosco, intransponível,
Se põe frente aos meus olhos
E enrijece o caminho do pensar.

Salto mortal, salto moral
Parado, quando não?
Costuro o céu e o sul
Mas quando ele deixa
Já perdeu o azul.

Nunca sabemos o quanto estamos sós
Nem se um dia não o estaremos.
Vem sonho-queimada.
Torna-te minha realidade!!!

Talvez em ti encontre uma
Em que possa estar acordado.
Nela a melancolia será de seda
E fará carinhos no meu corpo,
Enquanto cego-branco
Sentirei cada gota de chuva.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Quando a palavra espirra da boca
Como o instante antes do estourar da champanha
Ou o em que dispararam em Francisco Ferdinando.
Do último suspiro antes do gozo
Ou o penúltimo respiro antes de saltar pela janela.
É daí que sai a poesia, de alguma forma...
Daí, de mim e de tudo que engulo:
De boca aberta e sem enzimas suficientes.

Foda-se!

Não quero nada que ao ser servido não transborde
Pois o transbordar é o sujeito
A causa e não o efeito.

Quando a carne é excessivamente tenra
Ou flácida.
Aí se articulam e empuleram as teorias
Como bebês vendados em busca de um seio qualquer.
Seio da vida que os alimenta,
Para depois vomitarem tudo em palavras.
Aí que nasce, só aí que existe a poesia.

Agora não.
Agora só ânsia de paixão.
E sobra rincão para tão pouca canção.

Melhor parar aqui....pois hoje é dia-não.

mente confusa

É forte o corte,
Se perde o norte.
É dura a cura,
Mas a bússola desregula.

Minha mente é como um tigre
Que sempre escapa das redes.
Bolinhas se batem em paredes giratórias.
E quando tudo parece um lago calmo
Sempre um barco a motor surge do fundo.

Meu passo é como uma ponte,
Mas as vezes ando em círculos.
De que serve uma ponte circular
A não ser para os tolos admirarem?
Com a alma presa em um ventilador
Tento desesperado me manter no centro,
Mas é quase inevitável que ele esteja no máximo
E eu em uma perdida e mundana praça,
Com vento forte em meu cabelo.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Arrumando o Quarto

Odor da infância
Suave fragrância
Que remete a constância
De alguns desejos

Antiga melancolia
Da solidão: tarde chuvosa.
Lembrança que exitosa
Ainda me faz companhia

Cartões de parentes desconhecidos
Feitos de palavras agora murchas
Músicas ruins e curtas.
Diplomas de cursos:
Começos de percursos abandonados.

Felicidades simples, intangíveis
Brilhos românticos na teia da neurose

Mas em meio a isso
Algo vingou,
Porque aqui continuo
Mesmo que incapaz
De derramar nenhuma lágrima.